sábado, 15 de janeiro de 2011

A gaiola


                                                             Imagem google

Mantinha solitário pássaro
Algemado em hostil gaiola
Que sempre me perscrutava
Com a sua indignação silenciosa:

- O que esperas
Que eu amenize as tuas dores
Abrilhante as tuas alegrias
E o que denominas vitória?

Seguindo conselhos
Soltei-o.

Dias desses, no jardim ao lado,
Teve o seu melhor desempenho
E a melodia que o vento abrigava
Já não vertia a tristeza de outrora.

Ah, se a liberdade é um fato
Cada qual com a sua glória!
 


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A fumaça desenha abrigos à luz de um poema

Foto Franchini

Vigio a fumaça
Nos caules de uma saudosa brisa
E meço a distância
Entre pausa e fonema.

Chovesse agora
As algazarras dos pássaros
Diluídas ao tempo...

E essa fumaça a desenhar abrigos
À luz de um poema?


domingo, 9 de janeiro de 2011

Algas

imagem google 

Com as águas do teu mar
Sorriso
Lavaste as escadarias
Da solidão que me
Assombrava.

E um tênue sinal
Riscou os céus de nossas
Vidas:

- O entrelaçamento estelar
Entre noturnas algas.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Chico Mendes

imagem google

I
A transparência de uma queda d'água
A dignidade das veias de látex
A epiderme de todas as lágrimas
A natureza que ao algoz não se vende.


Ah, essa tua presença
Chico Mendes!


II

Triste cântico a floresta entoa.
Quantas lutas desvendam a coragem?
Quantos andaimes até à proa?
Quem cala consente vantagem?


Afinal, quantos Chicos cabem
Na memória da paisagem?

Se não tendes respostas,
Asas à eternidade.!


III


Chico!
Ô de casa, ô Chico!


Eis que grita o tempo aflito!






Eco lógico



                                                                  imagem google

               I
Um riacho de poluídas
Águas
Uma faixa de floresta
No entorno do nada
Um pássaro na rede
Elétrica
Uma réstia de luz
Na alvorada...


           II

Cachoeiras inférteis
Na aridez da palavra

Uma avalanche de gafanhotos
Nas folhagens de concreto

Uma plantação de fome
Na paisagem devastada.



terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Paz

                                                                imagem google

Enquanto houver
Um único pássaro
Sem paz interior
Estará â mercê de
Quaisquer desatinos
A paz que habita as colinas.

Como convencer as trevas
Que guerras não são ganhas?

Ah, não são as lágrimas
Sempre divididas?

Paz é o voo da tolerância
Que o poema, áptero, abriga.

Musgo


    imagem google

Após as chuvas torrenciais
O musgo visita as pedras
E um leve temor de náufrago
Eclode dos subsolos carnais.





















Cavalgada


imagem google           

Guardei os dias no alforje
Tempo
Medi as dunas de um mar
Esperança
Finquei esporas na brisa
Cortante
Montei no dorso de léguas
Distância.